quinta-feira, 19 de junho de 2008

Rede Manchete -25 anos


Neste mês, há exatos 25 anos, entrava no ar pela primeira vez uma das mais importantes emissoras de televisão da história do Brasil. No dia 5 de junho de 1983, a Rede Manchete de Televisão estava no ar.

Adolpho Bloch, jornalista e empresário judeu ucraniano radicado no Brasil, um dos mais importantes nomes da comunicação no país e Fundador do grupo de mídia que levava seu sobrenome, ganhou as primeiras concessões para a criação de sua emissora no dia 19 de Agosto de 1981, cedidas na época pelo Presidente da República General João Figueiredo. Ele havia ganho cinco das nove concessões que antes pertenciam respectivamente à TV Tupi, ambas cassadas pelo governo militar da época. As outras quatro foram dadas à Silvio Santos, que no mesmo ano criaria o atual SBT. O Grupo Bloch decidiu adiar o lançamento da emissora, para poder preparar o projeto com calma. De fato podemos dizer que a Rede Manchete é a sucessoras das antigas TV Tupi e TV Excelsior. A emissora de Bloch se chamaria Manchete, assim como a famosa revista carro-chefe homônima da Bloch Editores, publicada desde 1952.

A emissora iniciou oficialmente suas transmissões no dia 5 de Junho de 1983, em uma noite de domingo. Primeiro se iniciou com o pronunciamento de Adolpho Bloch no cenário do jornalismo da nova emissora. Em seguida, os brasileiros pela primeira vez tiveram a satisfação de prestigiar a vinheta de abertura e encerramento que marcaria a emissora durante todo o tempo em que esteve no ar: o logotipo da tv, um "M" estilizado, sobrevoando as principais cidades brasileiras e era saudado pelo povo, aterrissando, no final, na sede da emissora, no Rio de Janeiro.

A Rede Manchete ficou com o canal 6 do Rio de Janeiro (antiga TV Tupi carioca), o canal 9 de São Paulo (antiga TV Excelsior), o canal 2 de Fortaleza (antiga TV Ceará), o canal 4 de Belo Horizonte (antiga TV Italcomi) e o canal 6 de Recife (antiga TV Rádio Clube de Pernambuco).

A programação da TV Manchete foi marcada por altos e baixos. Mas podemos dizer que foi mais altos do que baixos, pois a proposta da emissora sempre foi a de trazer uma programação de qualidade pura a todos. A prova é a de o primeiro lema adotado pela emissora foi: Televisão de primeira classe. Mas não uma televisão para a elite, e sim uma televisão assistida por todos. Uma emissora que mostrasse o Brasil por um todo.

A Manchete premiou o Brasil com uma programação requintada e extraordinariamente diversa, que pudesse alcançar a todos os públicos e gostos, seja pelo seu jornalismo competente, pelas suas inesquecíveis novelas, pela divertida e inesquecível programação infantil e por suas grandes atrações. Nunca uma emissora valorizou tanto a cultura nacional como a Manchete, principalmente quando se tratava de mostrar o Carnaval Carioca, a maior festa carnavalesca do planeta. Em fevereiro de 1984, a Rede Manchete estreou na transmissão dos desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro, ocorridos no recém-inaugurado Sambódromo da Marquês de Sapucaí, com total exclusividade. A Rede Globo se recusou em cobrir a festa devido os atritos entre o governador do Estado do Rio de Janeiro, Leonel Brizola e o dono das Organizações Globo, Roberto Marinho. A transmissão foi ao vivo e deu a Manchete inacreditáveis 80 pontos de audiência. Um verdadeiro recorde.

Para os fãs da cultura nipônica, principalmente para os fãs de animê, a TV Manchete teve um papel fundamental para a divulgação dos seriados e desenhos japoneses, numa época em que estes estavam fadados a ficarem mais restritos. Nenhuma outra emissora, em transmissão aberta, trabalhou nesse quesito de popularizar os seriados e desenhos japoneses como a Manchete. E ajudou também a torná-los como uma febre até os dias presentes. Ela concedeu ao longo do tempo grandes sucessos como: Cavaleiros do Zodíaco (Saint Seiya), Sailor Moon, Samurai Warriors, Shurato, Tokatsu, Shurato e Yu Yu Hakushu. No que se refere a seriados nipônicos, basta citar Jaspion, Changeman, Flashman, Black Kamen Raider, Jiraya e entre muitos outros....

Na área da teledramaturgia, a Rede Manchete de Televisão legou à televisão êxitos extraordinários. Sua primeira produção foi a minissérie Marquesa de Santos (1984), protagonizada pela atriz Maitê Proença, contando a história da famosa amante do imperador do Brasil D.Pedro I. Além de sucessos como Dona Beija (1986) - protagonizada também pela própria Maitê - Helena (1987), Corpo Santo (1987) e Kananga do Japão (1989). Mas o maior sucesso da Manchete viria em 1990, com a exibição da magnífica novela Pantanal. Escrita por Benedito Ruy Barbosa com a direção de Jayme Monjardim, Carlos Magalhães, Marcelo de Barreto e Roberto Naar, será para sempre lembrada como a novela que bateu a audiência da Rede Globo. Seu sucesso foi tão estrondoso que foi reprisado pela emissora várias vezes. Atualmente a novela Pantanal está sendo reprisada pelo SBT. As gravações externas nas deslumbrantes paisagens do Pantanal Matogrossensse aliada a toques de erotismo (com abundantes cenas de nudez e sexo) e uma bem trabalhada trilha sonora, que incluía o grupo Sagrado Coração da Terra, o violeiro Almir Sater e o cantor Sérgio Reis) fizeram desta obra um um dos grandes sucessos de público, fazendo com que a história de Juma Marruá (interpretada pela atriz Cristiana Oliveira) se tornasse um novo marco na história das telenovelas brasileiras.

Um dos mais inesquecíveis nomes da Rede Manchete é o de seu locutor oficial, Eloy de Carlo. Conceituado comunicador carioca, se tornou nacionalmente conhecido quando durante todo o tempo foi a voz-padrão da programação do canal e das vinhetas.

O Jornalismo da Rede Manchete se baseava em uma qualidade impecável. O principal informativo do canal, o Jornal da Manchete, trazia aprofundamento das notícias e comentários de grandes nomes do jornalismo, como Carlos Chagas, Villas Boas-Corrêa, Zevi Ghivelder, Salomão Schvartzman, entre outros comentaristas como João Saldanha. Também revelou as apresentadoras Mylena Ciribelli e Cláudia Cruz, e Alexandre Garcia, atuais funcionários da Rede Globo. Além de Márcia Peltier. O Manchete Esportiva teve como apresentadores e comentaristas Márcio Guedes (e seu tradicional bigode apresentando), Alberto Léo, João Saldanha, Osmar Santos, dentre outros.

Humor com classe era a principal fórmula para os programas do gênero na Rede Manchete. Um humor mais inteligente, baseado nos fatos do cotidiano e da política em geral. A primeira experiência da emissora com os programas do gênero iniciou-se em 1985, ano em que foi ao ar "Tamanho Família", uma comédia de situações envolvendo uma família bastante especial. Apesar de não ter obtido bons resultados com o programa, a emissora chegou a reprisar suas histórias em 1993.

A verdadeira sensação da Manchete no humorismo surgiu em 1989, quando entrou no ar o "Cabaré do Barata", um fiel retrato dos bastidores da política nacional em forma de bonecos. Apresentado por Agildo Ribeiro, retratava com muito humor os fatos mais importantes da política nacional.

Apesar das diversas crises enfrentadas, a Rede Manchete não foi simplesmente mais um veículo de comunicação que existiu em nosso país. Foi uma verdadeira "história de sucessos" e uma fábrica de novos talentos que terá um capítulo bastante especial dentro da trajetória da televisão brasileira.

Apesar da Manchete ter saído do ar há quase 10 anos, minha esperança é a de que a Manchete volte. Isso mesmo que leram. Em 2006, fundei uma comunidade e um movimento no Orkut chamado "Manchetistas", que além de ser um grupo de simpatizantes da emissora, é também um movimento pela volta da emissora. Como o "Sêo" Adolpho e sua família são judeus, e sou um grande admirador do Povo Judeu e de Israel, mando a seguinte mensagem: eu acredito que assim como as muralhas de Jerusalém foram reerguidas após o cativeiro da Babilônia, a Manchete voltará ao ar e os projetos do "Sêo" Adolpho continuarão.

Enquanto a Manchete não volta, eis aqui a sua vinheta de abertura. Espero que o "M" volte a sobrevoar este país.

Gostaria de sugerir alguns links e referências bibliográficas importantes para os Manchetistas:

Comunidade "MANCHETISTAS"
http://www.orkut.com.br/Community.aspx?cmm=7943522

O jornalista Elmo Francfort lançou em abril de 2008 o livro "Aconteceu virou História" em que ele conta a história da emissora.

Página oficial do livro
http://www.redemanchete.com.br
























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